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Crise arrefece de forma mais lenta do que o esperado
Data da postagem: 01-12-2016
Recuperação somente será efetiva mediante o ajuste das contas públicas e continuidade da redução da taxa de juros pelo Banco Central
 
 
Apesar da continuidade da recessão, e de sua intensificação na passagem do segundo para o terceiro trimestre, os resultados continuam sugerindo que a crise estaria arrefecendo, porém, de forma mais lenta do que o esperado. A avaliação é de economistas da Associação Comercial de São Paulo.
 
A recuperação da economia brasileira somente será efetiva mediante o ajuste das contas públicas, que devolva a confiança dos consumidores e empresários, ao mesmo tempo que viabilize a continuidade da redução da taxa de juros por parte do Banco Central.
 
Surpreendendo os analistas de mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu 0,8%, em relação ao trimestre anterior, livre de efeitos sazonais. 

Essa queda superou a retração observada durante o período abril-junho (-0,5%). Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, no acumulado do ano e nos últimos quatro trimestres, observam-se diminuições da atividade menos pronunciadas em relação ao registrado no trimestre anterior (-2,9%, -4,0% e -4,4%, respectivamente).
 
Pelo lado da demanda, na comparação com o período julho-setembro de 2015, o consumo das famílias, o principal componente, apresentou contração de 3,4%, causada pelas reduções da renda, do crédito e do emprego, menor do que a registrada no trimestre anterior. Essa contração continua perdendo força nessa mesma base de comparação.
 
O mesmo ocorreu com os investimentos produtivos e em infraestrutura (formação bruta de capital fixo): em relação ao terceiro trimestre do ano passado, e a despeito da menor quantidade de crédito e dos níveis elevados de estoque, mostraram arrefecimento na queda, que alcançou a 8,4%.
 
Até mesmo o consumo do governo, que corresponde basicamente às despesas com servidores, apresentou redução menos pronunciada, em relação a igual trimestre de 2015, do que a registrada para o período abril-junho (-0,8%).
 
Por sua vez, frente a igual período de 2015, o setor externo continuou a ser o único item da despesa a dar contribuição positiva.
 
Apesar das desacelerações observadas no crescimento das exportações e na contração das importações, produto da apreciação do Real, que afetou negativamente a competitividade da produção nacional. 
 
As exportações cresceram levemente (0,2%), enquanto as importações continuaram diminuindo (-6,8%). 
 
Pelo lado da oferta, na mesma base de comparação, novamente houve retração de todos os setores na maioria dos casos, também abaixo da observada no segundo trimestre.
 
No caso da indústria, a retração de 2,9% é levemente inferior à registrada entre abril e junho, em função da expansão da produção e distribuição de eletricidade, gás e água (4,3%).
 
Os serviços, que constituem o principal setor produtivo da economia, mostraram queda de 2,2%, menor ao ocorrido durante o segundo trimestre, destacando-se as reduções no comércio (-4,4%) e nos transportes (-7,4%).
 
Por sua parte, a agropecuária, devido ao choque climático sofrido em muitas regiões produtoras, foi o setor que destoou dos demais, apresentando maior queda na comparação com igual período de 2015 (-6,0%).
 
Nesse setor, as maiores retrações foram na produção de milho (-25,5%) e algodão (-16,9%).
 
O secretário de Política Econômica, Fábio Kanczuk, afirmou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que caiu 0,8%, foi muito próximo ao esperado pelos analistas e pelo governo.
 
Na análise do secretário, o principal responsável foi o aumento do endividamento das empresas, que fez com que os investimentos caíssem e puxassem o PIB para baixo.
 
"Nossas projeções continuam porque o número divulgado foi próximo do que esperávamos", afirmou.
 
Kanczuk afirmou que a "melhor projeção" da Fazenda aponta para retomada do crescimento da economia no primeiro trimestre de 2017 em relação ao trimestre imediatamente anterior.
 
"Não teremos crescimento significativo no 4º trimestre de 2016", afirmou o secretário, que depois detalhou dizendo que deve haver queda leve, de 0,1% ou 0,2%, ante o período de julho a setembro deste ano.
 
Kanczuk defendeu ainda que a projeção de alta de 1,0% em 2017 é factível, e está de acordo com os prognósticos da pasta, uma vez que a queda de 3,5% esperada este ano traz impactos.
 
"O carregamento estatístico de 2016 para 2017 será de -0,7%", afirmou.
 
O secretário disse ainda que não é possível presumir agora que a arrecadação vai ser menor do que o esperado: antes, a pasta previa avanço de 1,6% no PIB no ano que vem, número que balizou a elaboração do Orçamento de 2017.
 
A injeção de novos estímulos fiscais não é a solução para a economia brasileira, afirmou Kanczuk.
 
Segundo ele, a solução envolve questões estruturais, com reformas microeconômicas que tenham como resultado ganhos de produtividade.
 
"O Ministério da Fazenda é sensível ao número da economia, à recessão que estamos sentindo. Temos trabalhado em várias reformas no sentido de aumentar ganhos de produtividade. Não é solução para a economia dar estímulos fiscais", frisou o secretário.
 
Para Kanczuk, as reformas estruturais levarão o Brasil a crescer de forma sustentada por anos à frente.
 
"Essas medidas de produtividade afetam principalmente o investimento", afirmou.
 
Questionado se a queda de 0,8% no PIB no terceiro trimestre ante o segundo trimestre pressiona o Banco Central a acelerar o ritmo de queda da taxa de juros, o secretário preferiu não comentar.
 
Nesta quarta-feira (30/11), porém, o Comitê de Política Monetária (Copom) baixou a taxa Selic para 13,75% - uma redução de 0,25 ponto percentual.

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